O time alemão mostrou duas qualidades importantíssimas para vencer as "Olimpíadas do Motocross": velocidade e consistência. Ken Roczen foi disparado o melhor piloto MX2, Max Nagl fez um excelente terceiro lugar na primeira bateria e correu a terceira para garantir a taça. O terceiro piloto do time, Marcus Schiffer cumpriu seu papel com um excelente sétimo posto na segunda bateria. O mais importante é que nenhum dos pilotos caiu ou se envolveu em confusões, o que colocou a Alemanha na frente desde as classificatórias de sábado.
Corridas
MX1 + MX2
Quando caiu o gate da primeira prova (MX1 + MX2) o português Rui Gonçalves, provavelmente em sua última corrida com a Honda de fábrica oficial, partiu na frente e liderou parte da primeira volta. Antonio Cairoli logo tomou a ponta na sequência de ondulações. O italiano abriu alguma vantagem enquanto se estabelecia uma interessante batalha pela segunda posição com Max Nagl, Gautier Paulin, Ken Roczen (primeira MX2) e Clement Desalle.
Ryan Dungey assumiu a sexta posição, mas não conseguiu se aproximar do pelotão da frente. Blake Baggett começou a corrida fora dos 20 primeiros.
Depois de algumas voltas, o francês Paulin superou Nagl e chegou a encostar em Cairoli, enquanto Desalle passava Roczen. Paulin chegou a ter Cairoli em sua mira por alguns momentos até que o italiano reagiu e terminou cruzando a bandeirada com mais de 20 segundos de vantagem.
A cinco voltas do final, Dungey sofreu uma queda e perdeu a posição para o russo Evgeny Bobryshev. A bateria foi excelente para a equipe alemã que colocou dois pilotos entre os cinco primeiros. A Bélgica ficou com a segunda posição graças ao 10º lugar de Jeremy Van Horebeek. Baggett foi 14º deixando os Estados Unidos empatado com a França (Paulin 2º e Musquin 19º).
Apesar da vitória de Cairoli as coisas não foram muito promissoras para a Itália, já que Alessandro Lupino capotou na segunda volta e abandonou a bateria.
Na entrevista pós bateria Cairoli já cria uma grande expectativa para a prova final do dia: "...Agora só quero saber de disputar com meu companheiro de KTM Herlings na última bateria."
MX2 + Open
Na segunda corrida (MX2 + Open) Jeffrey "Sandmaster" Herlings largou na ponta e sumiu na frente. Sumiu mesmo, tanto que a transmissão mal mostrou o primeiro colocado preferindo focar a disputa da segunda posição. E pela segunda posição as coisas ficaram interessantes entre Ken de Dycker e Justin Barcia. Os dois se alternaram pelo segundo posto algumas vezes e chegaram a andar lado a lado por longos trechos. Então o norte-americano entrou muito quente numa curva, acertou a traseira do belga e caiu.
Supostamente o choque causou problemas na roda de Barcia que a partir de então foi perdendo terreno e acabou com a roda dianteira travada na última volta. Mesmo sem receber a bandeirada Barcia foi o 14º na bateria.
Dois abandonos importantes, ainda nas primeiras voltas, selaram o destino de duas das equipes principais: Glenn Coldenhoff (Holanda) e Van Horebeek (Bélgica) saíram da corrida com problemas mecânicos.
De Dycker não teve sossego na segunda posição, foi alcançado por Tanel Leok e Ken Roczen (novamente o mais rápido MX2). As posições também se alternaram entre os três nessa briga, até que na fase final Roczen se ajustou na quarta posição. O piloto da Estônia, porém, manteve a pressão até o final e roubou o segundo lugar de Dycker na última volta. O italiano Davide Guarneri foi o quinto colocado. Blake Baggett fez sua melhor corrida com a sexta posição, mas já uma volta atrás de Herlings que cruzou a bandeirada com quase um minuto de vantagem sobre Leok.
A grande interrogação da Alemanha era Marcus Schiffer. Do que ele seria capaz na areia? Bom, o atual campeão alemão MX1 não decepcionou, fez um excelente sétimo lugar e a equipe foi com uma margem para a final que permitiria uma estratégia um pouco mais tranquila.
MX1 + Open
Além da decisão por países, a expectativa era grande para descobrir quem, individualmente, seria o rei da areia. Curiosamente, na terceira e decisiva prova (MX1 + Open) Herlings cedeu a primeira escolha de gate da Holanda para seu companheiro Marc de Reuver e ficou com a linha de fora da largada.
Na saída o time norte-americano começou na frente com Dungey e Barcia. Seria a grande chance de virada? Cairoli não quis saber, passou os dois e já na primeira volta abriu cerca de 5 segundos. Herlings se deu mal na largada. Passou a primeira parcial apenas em 28º. Mas o holandês não tomou conhecimento dos adversários, na quinta volta já era o segundo colocado! Impressionante! Passou Barcia com tanta propriedade que o norte-americano nem pensou em revidar.
A diferença de Herlings para Cairoli chegou a ser de 25 segundos no início. Quando o holandês encontrou pista livre era de cerca de 15 segundos. Herlings disparou recuperando até três segundos por volta. Chegou a encostar no italiano, mas Cairoli guardou um gás extra para o final e garantiu a primeira posição.
E a classificação por equipes? Dungey capotou na segunda volta e retornou em 13º, depois recuperou até a nona posição. Pela Alemanha, Max Nagl andou quase toda a bateria em oitavo, logo atrás dos belgas Desalle e Dycker. Schiffer em 14º não pesaria muito, já que este seria o resultado descartado pelos alemães. Nagl só precisava ficar próximo dos belgas para garantir a primeira vitória de seu país na competição. Fez melhor que isso, superou Desalle no final e também Paulin, completando a prova na sexta posição.
A Alemanha faturou o caneco com 4 pontos de vantagem sobre os donos da casa (Bélgica). Os Estados Unidos, em terceiro, ficaram a 14 pontos dos campeões. Holanda, Itália e França terminaram na sequência separadas por poucos pontos.
E a frase do dia, que basicamente resume boa parte das corridas, veio de Roger De Coster (chefe da equipe norte-americana): "Temos que agradecer Herlings e Cairoli pela aula de pilotagem."
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