Ducati Multistrada V4 Rally Adventure: Com tanque de 30 litros, nova aventureira italiana traz alta tecnologia e motor de 170 cavalos. Vale os R$ 150 mil? Veja impressões
A primeira impressão sobre a Ducati Multistrada V4 Rally
Adventure assusta: uma moto enorme, com 238 kg (em ordem de marcha) e o tanque
imenso de 30 litros. Para um piloto baixo e magro como eu tudo indicava que
seria uma dificuldade pilotar em baixa velocidade, especialmente no trânsito
urbano. Nada! A exemplo da Multistrada V4S, esta aventureira tem sim tamanho,
mas graças à eletrônica é bem fácil de pilotar.
Logo na apresentação ficamos sabendo das novidades em
relação à Multistrada versão “civil”. O para-brisa está mais alto (4cm) e mais
largo (2 cm) e pode ser ajustado facilmente com apenas uma das mãos, mesmo com
a moto em movimento. Por que não usam sistema eletrônico? Porque a pressão do
vento no para-brisa trava o deslizamento. Este sistema manual pode ser operado
até a 120 km/h.
Suspensões com 30 mm a mais de curso na frente e 20 mm a
mais atrás. Isso fez a belezura ficar mais alta. Além disso, a mudança na bomba
do freio traseiro liberou mais espaço livre ao solo.
Na eletrônica o programa ganhou uma nova categoria “Enduro”,
também customizável de acordo com o gosto do freguês. E, pra completar, um
sistema que “desliga” os dois cilindros traseiros em baixa rotação para reduzir
consumo, emissões e, importante, a transferência de calor para o piloto.
Tite Simões com a nova Ducati Multistrada V4 Rally
Imagem: Ducati
PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Nosso roteiro começou no trânsito intenso da região de
Alphaville, em São Paulo. Foi bom ter iniciado nessa condição para testar o
modo “Urban” do mapeamento eletrônico e a atuação do sistema “start-stop” dos
cilindros. Posso afirmar: funciona! E dá pra perceber quando o motor trabalha
com dois ou quatro cilindros. Sinceramente, ainda transfere muito calor do
motor para o piloto, mas convenhamos, não existe má gica na engenharia: motor
que libera 170 cavalos vai gerar calor mesmo.
Para amenizar essa sensação, as aletas colocadas ao lado da
carenagem podem direcionar o ar para as pernas do piloto. Pernas e regiões
adjacentes que costumam sofrer no calor.
Ducati Multistrada V4 Rally 2024
Imagem: Ducati
MOTOR
Ah esse motor V4 derivado da esportiva Panigale, que por sua
vez bebeu na fonte das motos de MotoGP. Uma big trail com motor V4 merece todo
respeito. Rodar em baixa velocidade no congestionamento urbano é quase uma
ofensa. Graças à eletrônica é possível rodar em baixa velocidade sem tantas
trocas de marchas. Certamente o habitat dessa moto é estrada, tanto que a
campanha publicitária na Itália a trata de “Globetrotter” (algo como “viajante
do mundo”). Por isso a rodovia Castelo Branco se apresentou como uma benção!
Finalmente sexta marcha, a 120 km/h e o conta-giros mostra
4.900 RPM, o que indica uma característica adorável de motor dócil, que
apresenta baixo nível de vibração (só perceptível nas manoplas e pedaleiras,
quando desacelera) e rodagem tão suave que parece flutuar no asfalto. Outro
teste foi deixar a rotação cair o máximo em sexta-marcha e a surpresa foi ver
que é capaz de retomar praticamente desde a marcha-lenta a pouc o mais de 2.000
RPM. Mostra que o motor é “elástico”, que permite rodar muito sem recorrer
tanto ao câmbio.
Ducati Multistrada V4 Rally 2024
Imagem: Ducati
E se precisasse trocar muitas marchas nem seria um problema,
porque o câmbio conta com quick-shifter nos dois sentidos e as trocas são
feitas sem uso da manete de embreagem.
Depois de um trecho de estrada larga, pegamos a já
conhecidíssima Estrada dos Romeiros, uma sequência de curvas que serpenteia
entre São Paulo e Itu. Nesta sequência foi possível avaliar o desempenho com o
mapeamento eletrônico na posição Sport. A cada mapa muda não apenas a a
potência, mas ajuste de suspensão, ABS, controle de tração, entre outros.
A primeira boa notícia é o desempenho dos pneus Pirelli
Scorpion Trail II, que deixam o piloto muito à vontade para frear no limite e
deitar a moto até quase raspar as malas laterais! Neste trecho ficou
evidente que um motor V4 derivado de competição é puro prazer pra quem pilota.
Quando o conta-giros passa de 6.000 RPM o ronco do escapamento muda e parece
mesmo um urro de animal raivoso... no cio!
Ducati Multistrada V4 Rally 2024
Imagem: Ducati
Com a presença de outro jornalista com currículo de piloto
de motovelocidade no grupo, tivemos uma amostra de um Pike Peaks tupiniquim. Os
freios Brembo ABS das esportivas Ducati Panigale são do tipo “cornering”, que
permite frear o dianteiro com a moto inclinada. Na versão Multistrada o ABS
atua de forma convencional. Isto me custou uma escapada sem gravidade!
MULTISTRADA NO OFF-ROAD
Depois desta sessão insana de frenagens e curvas, chegamos a
um pequeno trecho de terra. Pequeno, porém desafiador, porque sem cair uma gota
de chuva em cinco semanas, o que era terra virou um talco com tanta poeira que
não dava pra ver nada além do para-brisa.
Com o mapa na opção “Enduro” o ABS deixa de atuar na roda
traseira – derrapagens são necessárias na terra – e o controle de tração fica
mais permissivo, garantindo a emoção extra. Confesso que não fiquei à vontade
com os pneus calibrados para o asfalto, mas fui assim mesmo. Eu e toda a
comitiva de jornalistas/influencers, alguns com pouca experiência no
fora-de-estrada, mas todos saíram ilesos.
Ducati Multistrada V4 Rally 2024
Imagem: Ducati
Pensando na pilotagem em pé, as pedaleiras têm uma proteção
de borracha que achata com o peso do piloto e permite alcançar as ranhuras de
metal. Mas pode-se arrancar esta borracha e colocar depois, sem uso de
ferramenta. Também o pedal de freio se ajusta facilmente num sistema giratório
para controlar a frenagem com o piloto em pé.
É muito gratificante levar quase 300 kg de moto (mais
piloto) para um passeio off sem achar que vai despencar a cada erosão. Na opção
Enduro, a suspensão torna-se tão adaptada ao terreno que dá mesmo a impressão
de estar pilotando uma moto bem mais leve. As rodas raiadas (pneus tubeless)
com aro 19 na dianteira.
Minha preocupação maior era com o tanque, porque parece um
elefante! mas o aumento de capacidade foi conseguido aumentando a altura e não
interfere para pilotar em pé. Teve momentos que pensei estar em uma moto bem
menor.
PANIGALE VERSÃO SUV
Feitas as imagens, voltamos para o asfalto para mais algun s
quilômetros de curvas insanas. Esqueci de voltar o mapa para a posição Sport e
nas primeiras curvas achei tudo muito estranho, porque a moto afundou demais
nas frenagens e balançou loucamente. Feita a correção (o mapa só muda com a
moto em movimento se o piloto desacelerar) voltou a ser uma Panigale versão
SUV.
Nosso roteiro encerrou com mais um trecho de estrada, onde
aproveitei para acelerar de verdade e ver o velocímetro chegar a 212 km/h, com
muito acelerador de sobra.
Em suma, esta Duc ati é a resposta para quem quer chegar
muito rapidamente ao Atacama ou à Patagônia. Porque além de tudo é
tremendamente confortável para piloto e garupa, que desfruta ainda de banco
aquecido e até regulagem para afastar ou aproximar do piloto.
Ducati Multistrada V4 Rally 2024
Imagem: Ducati
Também o piloto tem suas facilidades, como a regulagem de
altura do banco (além de opção por um kit de rebaixamento), o compartimento
para celular (arrefecido), aquecedor de manoplas e um item que fiquei
apaixonado: o easy lift! Trata-se de um sistema acionado pelo botão no punho
esquerdo que abaixa a suspensão da moto e facilita muito para tirar e colocar
do cavalete lateral e central.
A exemplo da versão mais “on”, esta Multistrada também tem o
sistema de radar, que percebe a aproximação de outro veículo, freando sozinha,
e o detector de ponto cego nos espelhos retrovisores. Tudo isso, junto com a
chave presencial, o painel com várias configurações e muita eletrônica
embarcada é resultado da “automobilização” das motos, que estão cada vez mais
próximas dos carros.
Ducati Multistrada V4 Rally 2024
Imagem: Ducati
E se você é do tipo que gosta de perguntar sobre consumo,
uma dica: esqueça, nenhum motor com tanta potência e 12,5 kg de torque vai
poupar seu bolso. Mas surpreendentemente fiz médias de 17 km/litro, sem a menor
preocupação com consumo. Se o piloto for parcimonioso, com este tanque de 30
litros pode fazer até 600 km de autonomia.
Sempre deixo a parte triste pro fim: o preço na
concessionária é de R$ 149.990. Portanto, faça seu dinheiro render felicidade e
boa viagem porque a Patagônia tá logo ali.
Ducati Multistrada V4 Rally 2024
Imagem: Ducati
Fonte: www.motoo.com.br
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